E O PLANETA, COMO VAI?
Em
27 de setembro o jornal O Estado de São Paulo publicou: “Para IPCC, planeta nunca esteve pior”. E acrescentou:
“Depois de seis anos de trabalhos, o
Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) das nações Unidas, a maior
autoridade em aquecimento global do mundo, lança hoje seu novo
relatório-síntese sobre o estado do planeta. As constatações são drásticas: a
concentração de dióxido de carbono (CO) na atmosfera, gás oriundo da queima de
combustíveis fosseis e o mais nocivo ao ambiente, cresceu 40% desde 1750 e
continua a se acumular. Com isso a temperatura na terra já subiu 0,89oC
entre 1901 e 2012 e vai se elevar entre 1,5oC, no melhor cenário, e
6oC no pior até o fim do século. E isso é só o começo”.
No
mesmo dia e apoiado nas mesmas fontes (Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas), o jornal Valor Econômico escreveu: “ONU reitera que o homem aquece o planeta”. E acrescenta a seguinte
opinião do professor Paulo Artaxo, da USP: “O
homem está aumentando cada vez mais a sua influência negativa no clima do nosso
planeta. Estamos em um processo acelerado de aquecimento global”.
O
relatório do IPCC mencionado foi comentado pelo Diretor de Políticas Públicas
do Greenpeace Brasil, dr. Sergio Leitão, em artigo de 28 de setembro (OESP), do
qual transcrevo:
“O relatório do IPCC divulgado ontem
é prova disso, pois reacende os sinais de alerta sobre a gravidade do problema
do aquecimento global. O documento reafirma que as mudanças climáticas são um
fato inequívoco e que os impactos das emissões de CO2 se
intensificaram de modo dramático desde a primeira edição, em 1990”.
“Os cientistas insistem na
necessidade de evitar a alta da temperatura média global. Para isso, porém, é
preciso um corte drástico das emissões de gases estufa até que elas sejam
zeradas até 2070. Isso significa que precisamos repensar nossos meios de
produção, substituindo os combustíveis fósseis por fontes renováveis, e alterar
nosso padrão de consumo. Afinal estamos explorando os recursos do planeta muito
além de sua capacidade de regeneração”.
Na
matéria dedicada ao Futuro do Planeta, o mesmo jornal, em sua edição de 28/09,
acrescenta que “a queima dos combustíveis
fósseis é dos principais motivos de emissão de gases estufa na atmosfera e,
assim, a grande vilã do aquecimento global”. Disto decorrem chuvas
anormais, redução da camada de gelo no Ártico, elevação do nível do mar,
ciclones e secas, fenômenos que se repetem ano a ano, de maneira crescente. O
aumento da estação seca pode promover uma redução de 70% da Floresta Amazônica,
assim como a elevação do nível do mar pode chegar a 82 centímetros até o ano
2.100, causando problemas de grande monta nas cidades e regiões a beira-mar.
É
uma “corrida para a catástrofe”, sentencia Gilles Lapouge em seu artigo de 1º
de outubro, no Estadão, acrescentando:
“Enquanto isso, o CO2
continua perpetrando seus crimes. Um deles é inédito: o aumento da temperatura
dos rios e dos braços de mar, cuja água é utilizada para resfriar as centrais
nucleares construídas em suas proximidades, preocupa os governantes. Em maio,
nos EUA, a Central de Millstone teve de desligar seus dois reatores porque as
águas haviam atingido a temperatura de 26,6oC. Na França, em várias
ocasiões, no ano passado, alguns reatores tiveram de parar momentaneamente
porque a água de resfriamento estava demasiado quente. É bizarra a ironia das
coisas: o clima parece montar a guarda em torno das centrais nucleares para
evitar incidentes”.
Os
distúrbios causados ao Planeta pela inconsciência coletiva do mundo moderno
foram, durante muito tempo, vistos como fantasia de alguns cientistas catastrofistas.
Mas hoje – e isso ficou claro na reunião de Setembro, do IPCC, em Estocolmo – a
probabilidade das ocorrências mencionadas já supera o índice de 90%. Portanto,
o único caminho para evitar as catástrofes é agir no controle de suas possíveis
causas.
Em
particular, aqueles que lidam com os transportes já sabem o que fazer, no
sentido contrário às ações do mercado, que agora sugere a desatenção às fontes
renováveis de energia, porque o gás de xisto é a nova promessa de combustível
abundante e barato. E poluente...
No
transporte urbano, a receita é reduzir a participação do automóvel nas viagens,
organizar os sistemas coletivos e adotar a tração elétrica nos veículos
coletivos e individuais, particularmente nos coletivos, que são responsáveis
por uma grande fatia dos deslocamentos diários. Os custos de implantação da
tecnologia serão sobejamente ressarcidos pelos benefícios ambientais.
Falta
o que, então, para que se planeje a indispensável mudança?
Adriano M. Branco
SP 07/Out/13
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