quinta-feira, 10 de outubro de 2013

TROLEBUS SIM, POLUIÇÃO NÃO

TROLEBUS SIM, POLUIÇÃO NÃO

            Eu concluía o meu último artigo sobre os trólebus, quando o ex-Secretário de Transportes do Município, Marcelo Branco, ofereceu-me novos subsídios. Ele tem acompanhado o desenvolvimento da empresa portuguesa MOBI.E – Mobilidade Elétrica, através do seu diretor João Dias, que vem se dedicando ao transporte urbano, individual ou coletivo, com vistas à substituição dos combustíveis por energias limpas. E desenvolveu interessante tecnologia de minimização do consumo de energia.

            Com efeito, o seu projeto de alimentação das baterias desses veículos prevê que os automóveis, por exemplo, só recebam carga em horários fora de pico, mediante programação especifica. Por outro lado, ao chegar ao seu destino, o veículo adrede carregado conecta-se à rede elétrica predial transferindo para ela, no horário de pico, a carga acumulada nos horários de baixo custo.

            O mesmo pode ser feito com trólebus e metrô, que ficam parados para manutenção nos horários da madrugada. Nesse período eles podem carregar as baterias com energia mais barata, a ser utilizada durante os horários de maior demanda.

            Essa idealização tem muitos outros frutos, como carregar as baterias de toda a frota de veículos urbanos, incluindo automóveis, fora das horas de pico.

            A eletricidade permite “mágicas” que nem de longe estão esgotadas. Ao contrario dos motores de combustão interna, que não evoluem há cem anos, produzindo rotações nos eixos a partir de movimentos ondulatórios...

            Enquanto isso, diz o pesquisador Evaristo E. de Miranda (Estadão, 30/09/13) a exploração das reservas abundantes de gás xisto rebaixou a importância do petróleo, reduziu o preço do carvão mineral, desenvolvendo uma nova matriz de energia, que passa ao largo das cogitações ambientais. “O chamado mercado de carbono, essencialmente europeu, veio abaixo”, diz ele. “Sobram cotas de carbono e ninguém se interessa. Em abril o Parlamento Europeu votou uma sentença de morte para o mercado de carbono: rejeitou limitar as autorizações de emissões de CO2 propostas pela Comissão Europeia. Uma tonelada de CO2, que valia 30 euros, em 2008, caiu para 2,75 euros, seu nível histórico mais baixo”, acrescentou o prof. Evaristo.

            A euforia é grande: Ernest Moniz, secretario de energia dos EUA disse, em almoço com empresários da Confederação Nacional da Indústria, ( Valor Econômico de 20/08/13) que “há uma revolução do xisto em curso nos Estados Unidos, que já despertou investimentos de US$ 100 bilhões na indústria americana, derrubou as tarifas do gás e promoveu a abertura de um milhão de postos de trabalho em meio à maior crise econômica do País, desde 1929”. “A América do Norte deverá alcançar sua independência energética em aproximadamente uma década”.

            Tais declarações estão na mesma linha da conduta anterior dos EUA, que não subscreveram o Protocolo de Kyoto e negaram o comparecimento do presidente americano à ECO 92, no Rio de Janeiro. A nação norte-americana, maior consumidora de petróleo e energia do mundo, não compreendeu ainda a advertência do Cacique Seattle (1854):  “O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra”.

            O desapreço pelo meio ambiente, que decorrerá de uma nova política mundial da expansão da produção de energia a partir de fontes fósseis, já tem consequências mensuráveis e medidas, como exemplificou o jornalista Washington Novaes, em seu artigo de 29/09/13, publicado pelo Estadão. Disse ele, apoiado em pesquisas do dr. Paulo Saldiva, que “em apenas um ano (2011) a poluição da atmosfera contribuiu para 17.400 mortes no Estado”. Várias outras informações por ele colhidas reforçam os argumentos e os esforços em favor da redução das emissões de poluentes.

            É preocupante a euforia norte-americana com a exploração do xisto e consequente emprego no transporte, deixando em segundo plano os investimentos nas fontes renováveis de energia. Por outro lado, é assustadora a consequência do uso dos combustíveis de origem fóssil nas grandes cidades. Por isso, toda a atenção deve ser dada à predominância do transporte público sobre o individual, assim como à tração elétrica nos veículos coletivos e automóveis.

            O melhor caminho, hoje, para reduzir os malefícios da poluição é a implantação de bons corredores, dotados de ônibus elétricos. Sim, os trólebus.

Adriano M. Branco

SP 04/Out/13

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