domingo, 16 de outubro de 2011

Metrô na Capital - Reportagem especial - Zero Hora - 14/10/2011



Atualização: 14.10.2011, 10:23
Em locais onde foi instalado, construção alterou trânsito, ambiente e hábitos dos cidadãos. Os exemplos estão espalhados pelo mundo: na Europa, na Ásia, nas Américas. Onde quer que tenha sido implantado, o metrô alterou cidades, hábitos e estilos de vida, em maior ou menor medida.
Em Porto Alegre, especialistas acreditam que não será diferente - desde que certas medidas sejam adotadas. E perseguidas.

- Será um avanço importantíssimo para a Capital, mas é bom que fique claro que, sozinho, o metrô não resolve todos os problemas. Para fazer diferença, ele precisa estar integrado a uma rede mais ampla, conectada a outros modais, de forma eficaz e atraente para a população - ressalta o professor João Fortini Albano, da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Foi exatamente esse o caminho trilhado nos centros urbanos notabilizados por suas linhas subterrâneas, responsáveis por modernizar as cidades e transformar suas feições - reduzindo índices de poluição e de acidentes de trânsito e liberando ruas para a circulação de pedestres. Londres e Paris, para citar apenas dois casos, desencadearam verdadeiras revoluções quando implantaram suas primeiras estações no subsolo - em 1863 e 1900, respectivamente - e passaram a investir, ano a ano, na expansão contínua dos trilhos e também na malha de ônibus, trens de superfície e tudo mais que contribuísse para evitar a dependência dos automóveis.

Os casos europeus tornaram-se modelos de metrô apropriados pela população - algo fundamental para o sucesso do sistema. Na capital francesa, por exemplo, as estações chegam a ter a "cara" dos parisienses, com obras de arte, cores e design diferenciados.

No Brasil, o metrô de maior sucesso, eleito o melhor das Américas em 2010, é o de São Paulo - que também é o maior e mais antigo do país. Um dos responsáveis pela implantação, o engenheiro e consultor Peter Alouche, lembra que já na inauguração, em 1974, a novidade causou estardalhaço.

Peter Alouche
- Trouxemos o que havia de mais moderno. Fomos os primeiros a operar em automático, o que chamou muito a atenção. Todos queriam andar de metrô - lembra Alouche, membro da União Internacional dos Transportes.

Dos sete quilômetros iniciais, o sistema passou a 74. Apesar disso, quem circula por São Paulo reclama que os trens são lotados e que os congestionamentos seguem aparentemente incólumes. É por isso, segundo Alouche, que as ampliações e melhorias são uma preocupação constante da companhia responsável. A mais recente é a moderna linha 4, cujos trens já não precisam de condutores.

O desafio que Porto Alegre passa a encarar agora, na opinião do PhD em Transportes Luiz Afonso Senna, da UFRGS e ex-diretor da Agência Nacional de Transportes e da Empresa Pública de Transporte e Circulação, é justamente esse: executar o projeto aprovado e fazer as conexões necessárias, mas não esquecer de olhar para o futuro.


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