Em uma cidade de trânsito complexo como São Paulo, com poucas vagas nas ruas e estacionamentos disputados, os shoppings localizados no entorno das estações do Metrô atraem cada vez mais consumidores. Esse modelo de negócio, que começou em 1997, com a inauguração do Shopping Metrô Tatuapé, vive um novo ciclo de expansão com a construção de novos shoppings integrados às estações.
São Paulo possui hoje quatro empreendimentos dessa natureza. Na estação Tatuapé, além do shopping citado, há também o Boulevard Tatuapé, inaugurado em 2007. Interligados pela passarela do Metrô e operando de maneira conjunta desde 2009, os dois shoppings formam um dos maiores complexos de compras de São Paulo, somam 500 lojas e atraem 150 mil pessoas por dia. Os outros dois centros comerciais em operação são o Shopping Metrô Santa Cruz, inaugurado em 2001, e o Shopping Metrô Itaquera, aberto ao público em 2007. Para os lojistas e administradores dos empreendimentos, a grande vantagem dos shoppings integrados ao mais eficiente sistema de transporte público da capital paulista é o fluxo natural de pessoas.
"O tempo de maturação é bem menor. Como as pessoas já passam pelo local, elas rapidamente criam o hábito de ir ao shopping e aceleram o retorno dos investimentos", afirma Leandro Lopes, gerente de portfólio da BRMalls, que tem participação e administra, entre outros 40 empreendimentos no país, o Shopping Metrô Santa Cruz, que recebe 2,2 milhões de pessoas por mês, e o Shopping Metrô Tatuapé.
O Shopping Metrô Itaquera é outro exemplo de retorno e sucesso ancorado pelo intenso fluxo de pessoas. Além do Metrô, o local onde está instalado abriga também o principal terminal de ônibus do bairro, uma estação da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e a maior filial do centro de serviços Poupa Tempo. Some-se ainda a ausência de concorrência nas imediações, o Shopping Metrô Itaquera é o único do bairro. "Esse entroncamento de transporte e serviços nos garante a presença diária de quase 70 mil pessoas. Todos os espaços estão ocupados e o negócio só cresce. Nosso faturamento de janeiro a maio de 2011, em comparação com o mesmo período do ano passado, aumentou 24%", comemora Jonas Fortes, superintendente do Shopping Metrô Itaquera.
Outro centro comercial que está nascendo incentivado pelo transporte é o Shopping Metrô Tucuruvi. Em obras, sua inauguração está prevista para o primeiro semestre de 2012. Integrado à estação de mesmo nome e ao terminal de ônibus do bairro, o empreendimento da JHSF, que também foi responsável pela construção e administração do Shopping Metrô Santa Cruz entre 2001 e 2009, terá 200 lojas e deverá gerar mais de 3.000 empregos diretos e indiretos.
A estação Vila Madalena também ganhará um shopping. A Método Engenharia venceu a licitação para construir e administrar o centro de compras e aguarda apenas as licenças da Prefeitura. Com um investimento da ordem de R$ 60 milhões, as obras terão início em 2012. "Shopping Center é um ótimo negócio e a estação Vila Madalena está em um local privilegiado da cidade. Uma área valorizada, de vida cultural e noturna intensa. E o Metrô amplia ainda mais esse potencial", analisa Armando Mesquita Neto, gerente de desenvolvimento de novos negócios da Método Engenharia, que tem no portfólio a construção e ampliação do SP Market e dos shoppings Iguatemi de São Paulo e Campinas (SP). "O negócio é tão promissor que ganhamos a concorrência e em seguida fomos procurados por uma série de empresas interessadas em investir e em formar parcerias", completa o gerente.
Esse modelo de operação, naturalmente, também traz vantagens para o Metrô de São Paulo. A arrecadação com oferta de espaços para a construção dos shoppings já representa um acréscimo anual de R$ 40 milhões ao caixa da companhia. Esses espaços, que eram ocupados pelo canteiro de obras e geralmente ficam ociosos após a entrega da estação, são oferecidos por meio de licitação pública, em contratos de concessão de longo prazo.
As negociações variam, mas o Metrô é remunerado por valores fixos como também recebe um percentual em relação ao faturamento dos shoppings. "Além do valor que arrecadamos com a concessão, também reduzimos os nossos custos, pois repassamos aos empreendimentos gastos como a manutenção da área e impostos como o IPTU", releva José Jacques Yazbek, gerente de negócios do Metrô de São Paulo. O modelo foi para outras cidades do Brasil, como Belo Horizonte (MG). Em construção, o Shopping Estação BH será integrado à estação Vilarinho, a maior estação intermodal (metrô e ônibus) da capital mineira. Com a expectativa de atender 3,6 milhões de pessoas/mês, tem ainda a seu favor estar a apenas 3 quilômetros da Cidade Administrativa.
28/06/2011 - Valor Econômico
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